Sobre
Sou de Ipanema dos anos 50. Migrei para a Gávea nos anos 80 e aqui estou até hoje. Dialogo com o verde quando resolvo abrir os olhos todas as manhãs. Tenho o privilégio de ter o Jardim Botânico como vizinho, meu mais ilustre vizinho. Mas foi nos engarrafamentos da cidade, na espera dos sinais, na mania de transformar a vida e seu cotidiano que fui mudando o olhar, fui prestando atenção, fui vendo o que nunca tinha visto antes em lugares já tão freqüentados. Tornei-me uma urbanista. Logo eu que menina queria viver em fazenda ou na praia, percebi uma poesia instalada no dia a dia da cidade tão dilacerada pelos problemas.
De máquina em punho saí fotografando meus percursos semanais; na verdade saí fotografando as árvores dos meus percursos diários. Deparei-me com um desafio nas duas primeiras fotos: não era só a árvore o foco do meu interesse e sim o uso que faziam dela. O bombeiro/gasista, a mendiga, o entregador do supermercado, a camelô, o ciclista, a feirante. Assustei-me com a multiplicidade de funções e suas histórias. Um enorme universo surgiu na lente do meu novo olhar e precisei ir além; passei ao desenho e nasceu então o “CABE TUDO” (PL-2007), quando escrevi: “Observando há anos o crescimento, formato e movimento das árvores, a passante descuidada torna-se aos poucos observadora atenta. O novo olhar apaixonado convida a câmera a registrar detalhes do cotidiano. Com isto sinto necessidade de ir além: reescrevo com mão e nanquim um novo olhar, um novo bairro, uma nova cena, uma nova história onde
“CABE TUDO”.
O projeto “CABE TUDO” ficou “redondinho”. Os desenhos impressos em canvas, além das fotos, reproduziram a intenção exata do trabalho, ser simples e falar por si só.
A vida é uma caixa de surpresas e eu coloquei o pé na estrada, ou melhor, no avião. No vai e vem à terra do Tio Sam, eu me encantei pelas metrópoles, pelo amontoado de histórias, informações, fachadas, consumo, lixos que elas contêm. Então nasceu VESTÍGIOS: -“lugares, andanças e mudanças criam desenhos, fotos e vestígios, num jogo de memórias” (IAB-Nov 2008 ). São desenhos e fotos que conversam entre si num só tabuleiro.
Antes, em Junho de 2007, num dia daqueles em que não se sabe o que pensar e muito menos o que fazer, eu tive a sorte de encontrar e fotografar um labrador que só brincava com um coco à beira mar. Fiquei 15 meses olhando a série de fotos, que acabaram virando um minuto de animação, em looping, com desenhos, áudio e filmagem. Uns malucos toparam meu delírio e demos vida e movimento aos meus desenhos. Em 18/11/08, no IAB, a projeção do cachorro invadiu e iluminou o Galpão, na NÀU, expo de um grupo do PL, de forma surpreendente (para mim) e com o seguinte textinho acompanhando: “SIMPLES– busca, descoberta, diversão; conquistas simples.”
Os projetos vão surgindo, somando experiências e novos conhecimentos e, se hoje tomo a coragem de escrever este relato, quase uma folha de um diário, é porque eu tenho investido bastante em cursos, palestras, pesquisas e conversas para que eu possa olhar minha própria “Arte” de maneira mais madura.
Sai do forno uma nova série de desenhos, batizada como “CONFORT IS JUST AROUND THE CORNER”, que conta outros desdobramentos, novos vestígios.
Foram tempos de boas caminhadas, encontros e descobertas.
São desenhos, uns estão propositadamente “poluídos” de elementos, outros não, como os registros na memória; algumas vezes confusos e repletos, outras vezes claros e diretos. Este é o diálogo estabelecido entre eles e eu. Os olhos e as mãos passam agora, definitivamente, a falar por mim.
RJ, 15/02/09
MARIA TUCA.
Exposições coletivas
Exposições Coletivas:
- Coletiva, Escritório de Arte Alexandra Archer, (JB,RJ) / 2015. Trabalhos: “Desenhos Fotográficos“ e “Cimeira”.
- Novas Aquisições”, Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM/ RJ (Rio de Janeiro, RJ) / agosto 2014. Trabalho: “TROOPS OUT”.
- “Delicadeza”, Centro Culturalda Light, Rio de Janeiro, RJ) / 2015.
- “Coletiva na AMARELONEGRO”, Ipanema<RJ, março de 2013.Trabalho: “Cimeira”.
- “ALAF”, DVD com organização de Marcos Bonisson, Galeria Arthur Fidalgo (Rio de Janeiro, RJ) / 2012″”
- “O Estendal”, coletiva no Rio de Janeiro, Paraty, Tiradentes, Juiz de Fora e Curitiba / 2011 – 2012. Trabalhos: “Tempo” e “Perda e Permanência”.
- “Entre-vistas”, Exposição do programa “Aprofundamento”, Escola de Artes Visuais, Parque Lage (Rio de Janeiro, RJ) / Dezembro 2010 a Fevereiro 2011.
- Alices, Casa Um, Ipanema, RJ, maio 2010. Trabalho: “TROOPS OUT”.
- “Novas Aquisições”, Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM/ RJ (Rio de Janeiro, RJ) / Abril 2010. Trabalho: “Simples”.
- “NÀU”, Instituto dos Arquitetos do Brasil (Rio de Janeiro, RJ) / Novembro 2008. Trabalhos: “Vestígios” e “Simples”.
- “Diminuir as Distâncias”, III Reunião Ministerial – Focalal (Brasília, DF) / Agosto 2007. Trabalho: “CabeTudo”.
- “O Estado das Coisas”, Escola de Artes Visuais, Parque Lage (Rio de Janeiro, RJ) / Novembro 2007. Trabalho: “CabeTudo”.
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